Glossários

Glossário parte II

Parmênides
Ontologia
Epistemologia (ou teoria do conhecimento)
Alteridade
Neoplatonismo
Individuação
Solipsista
Fenomenologia
Hermenêutica
Gestalt
Tânatos e Eros
Cartesianismo

 

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Parmênides

 

(cerca de 530-460 a.C.) - Natural de Eléia, hoje Vélia, na Itália
Filósofo grego da escola eleata e discípulo do pitagórico Amínias, Parmênides representa o oposto ao pensamento humano de Heráclito. Para ele, é a mudança e o movimento que são ilusões. O devir não passa de uma aparência. São nossos sentidos que nos levam a crer no fluxo incessante dos fenômenos. O que é real é o Ser único, imóvel, imutável, eterno e oculto sob o véu das aparências múltiplas. "O Ser é, o não-ser não é", significa: o ser eterno, substância permanente das coisas, por conseguinte, imutável e imóvel, é o único que existe. O "não-ser" é a mudança, pois mudar é justamente não mais ser aquilo que era e tornar-se aquilo que não é ainda. Foi para defender essa tese que o discípulo de Parmênides, Zenão de Eléia, criou uma série de argumentos chamados "paradoxos de Zenão", cujo objetivo era a refutação, por redução ao absurdo, do pluralismo e do mobilismo, procurando mostrar os paradoxos envolvidos na idéia de movimento. Em Atenas, juntamente com Zenão, combate a filosofia dos jônicos. Provavelmente também seguiu as lições de Xenófanes. Escreveu um poema filosófico, em versos: Sobre a Natureza. Esta obra compreende um preâmbulo e duas partes. Na primeira trata da verdade; na segunda, da opinião. Conservam-se numerosos fragmentos da primeira parte e alguns da segunda.

O Ser e o Não Ser

Parmênides comparava as qualidades umas com as outras e as ordenava em duas classes distintas. Por exemplo, comparou a luz e a escuridão, e para ele essa segunda qualidade nada mais era do que a negação da primeira. Diferenciava qualidades positivas e negativas e, esforçava-se em encontrar essa oposição fundamental em toda a Natureza. Tomava outros opostos: leve-pesado, ativo-passivo, quente-frio, masculino-feminino, fogo-terra, vida-morte, e aplicava a mesma comparação do modelo luz-escuridão; o que corresponde à luz era a qualidade positiva e o que corresponde à escuridão, a qualidade negativa. O pesado era apenas uma negação do leve. O frio era uma oposição ao quente. O passivo em oposição ao ativo, o masculino em oposição ao feminino e, cada um apenas como negação do outro. Por fim, nosso mundo dividia-se em duas esferas: aquela das qualidades positivas (luz, quente, ativo, masculino, fogo, vida) e aquela das qualidade negativas (escuridão, frio, passivo, feminino, terra, morte). A esfera negativa era apenas uma negação da esfera positiva, isto é, a esfera negativa não continha as propriedades que existiam na esfera positiva. Ao invés das expressões “positiva” e “negativa”, Parmênides usa os termos metafísicos de “ser” e “não-ser”. O não-ser era apenas uma negação do ser. Mas ser e não-ser são imutáveis e imóveis. No seu livro: Metafísica, Aristóteles expõe esse pensamento de Parmênides: “Julgando que fora do ser o não-ser é nada, forçosamente admite que só uma coisa é, a saber, o ser, e nenhuma outra... Mas, constrangido a seguir o real, admitindo ao mesmo tempo a unidade formal e a pluralidade sensível, estabelece duas causas e dois princípios: quente e frio, vale dizer, Fogo e Terra. Destes (dois princípios) ele ordena um (o quente) ao ser, o outro ao não-ser.”

O Vir-a-Ser

Quanto às mudanças e transformações físicas, o Vir-a-Ser, que a todo instante vemos ocorrer no mundo, Parmênides as explicava como sendo apenas uma mistura participativa de ser e não-ser. “Ao vir-a-ser é necessário tanto o ser quanto o não-ser. Se eles agem conjuntamente, então resulta um vir-a-ser”. Um desejo era o factor que impelia os elementos de qualidades opostas a se unirem, e o resultado disso é um vir-a-ser. Quando o desejo está satisfeito, o ódio e o conflito interno impulsionam novamente o ser e o não-ser à separação. Parmênides chega então à conclusão de que toda mudança é ilusória. Só o que existe realmente é o ser e o não-ser. O vir-a-ser é apenas uma ilusão sensível. Isto quer dizer que todas as percepções de nossos sentidos apenas criam ilusões, nas quais temos a tendência de pensar que o não-ser é, e que o vir-a-ser tem um ser.


O ser-absoluto

Toda nossa realidade é imutável, estática, e sua essência está incorporada na individualidade divina do Ser-Absoluto, o qual permeia todo o Universo. Esse Ser é onipresente, já que qualquer descontinuidade em sua presença seria equivalente à existência de seu oposto – o Não-Ser. Esse Ser não pode ter sido criado por algo pois isso implicaria em admitir a existência de um outro Ser. Do mesmo modo, esse Ser não pode ter sido criado do nada, pois isso implicaria a existência do “Não-Ser”. Portanto, o Ser simplesmente é. Simplício, em seu livro Física, assim nos explica sobre a natureza desse Ser-Absoluto de Parmênides: “Como poderia ser gerado? E como poderia perecer depois disso? Assim a geração se extingue e a destruição é impensável. Também não é divisível, pois que é homogêneo, nem é mais aqui e menos além, o que lhe impediria a coesão, mas tudo está cheio do que é. Por isso, é todo contínuo; pois o que é adere intimamente ao que é. Mas, imobilizado nos limites de cadeias potentes, é sem princípio ou fim, uma vez que a geração e a destruição foram afastadas, repelidas pela convicção verdadeira. É o mesmo, que permanece no mesmo e em si repousa, ficando assim firme no seu lugar. Pois a forte Necessidade o retém nos liames dos limites que de cada lado o encerra, porque não é lícito ao que é ser ilimitado; pois de nada necessita – se assim não fosse, de tudo careceria. Mas uma vez que tem um limite extremo, está completo de todos os lados; à maneira da massa de uma esfera bem rotunda, em equilíbrio a partir do centro, em todas as direções; pois não pode ser algo mais aqui e algo menos ali.” O Ser-Absoluto não pode vir-a-ser. E não podem existir vários “Seres-Absolutos”, pois para separá-los precisaria haver algo que não fosse um Ser. Consequentemente, existe apenas a Unidade eterna. Teofrasto relata assim esse raciocínio de Parmênides: “O que está fora do Ser não é Ser; o Não-Ser é nada; o Ser, portanto, é Um.”

Quanto às mudanças e transformações físicas, o Vir-a-Ser, que a todo instante vemos ocorrer no mundo, Parmênides as explicava como sendo apenas uma mistura participativa de ser e não-ser. “Ao vir-a-ser é necessário tanto o ser quanto o não-ser. Se eles agem conjuntamente, então resulta um vir-a-ser”. Um desejo era o factor que impelia os elementos de qualidades opostas a se unirem, e o resultado disso é um vir-a-ser. Quando o desejo está satisfeito, o ódio e o conflito interno impulsionam novamente o ser e o não-ser à separação. Parmênides chega então à conclusão de que toda mudança é ilusória. Só o que existe realmente é o ser e o não-ser. O vir-a-ser é apenas uma ilusão sensível. Isto quer dizer que todas as percepções de nossos sentidos apenas criam ilusões, nas quais temos a tendência de pensar que o não-ser é, e que o vir-a-ser tem um ser.

 

 

Ontologia

 

Ontologia (<grego ontos+logoi = "conhecimento do ser") é a parte da filosofia que trata da natureza do ser, da realidade, da existência dos entes e das questões metafísicas em geral. A ontologia trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. Algumas vezes, porém impropriamente, costuma ser confundida com metafísica. Conquanto tenham, ambas, certa comunhão ou interseção em objeto de estudo, é também inescusavelmente claro que nenhuma das duas áreas é subconjunto lógico da outra, ainda que na identidade.

Segundo o aristotelismo, parte da filosofia que tem por objeto o estudo das propriedades mais gerais do ser, apartada da infinidade de determinações que, ao qualificá-lo particularmente, ocultam sua natureza plena e integral; metafísica ontológica.

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Epistemologia (ou teoria do conhecimento)

 

(do grego "episteme" - ciência, conhecimento; discurso), é um ramo da filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados à crença e ao conhecimento.

Podemos dizer que a epistemologia se origina em Platão. Ele opõe a crença ou opinião ("doxa", em grego) ao conhecimento. A crença é um determinado ponto de vista subjetivo. O conhecimento é crença verdadeira e justificada.

A teoria de Platão abrange o conhecimento teórico, o saber que. Tal tipo de conhecimento é o conjunto de todas aquelas informações que descrevem e explicam o mundo natural e social que nos rodeia. Este conhecimento consiste em descrever, explicar e predizer uma realidade, isto é, analisar o que ocorre, determinar por que ocorre dessa forma e utilizar estes conhecimentos para antecipar uma realidade futura.
Há outro tipo de conhecimento, não abrangido pela teoria de Platão. Trata-se do conhecimento prático, o saber como.

A epistemologia também estuda a evidência (entendida não como mero sentimento que temos da verdade do pensamento, mas sim no sentido forense de prova), isto é, os critérios de reconhecimento da verdade.
Ante a questão da possibilidade do conhecimento, o sujeito pode tomar diferentes atitudes:

    • Dogmatismo; atitude filosófica defendida por Descartes segundo a qual podemos adquirir conhecimentos seguros e universais, e ter absoluta certeza disso.

    • Cepticismo; atitude filosófica oposta ao dogmatismo a qual duvida de que seja possível um conhecimento firme e seguro, esta postura foi defendida por Pirro de Elis.

    • Relativismo; atitude filosófica defendida pelos sofistas que nega a existência de uma verdade absoluta e defende a idéia de que cada indivíduo possui sua própria verdade. Esta verdade depende do espaço e do tempo.

    • Perspectivismo; atitude filosófica que defende a existência de uma verdade absoluta, mas pensa que nenhum de nós pode chegar a ela senão que chegamos a uma pequena parte. Cada ser humano tem uma visão da verdade. Esta postura foi defendida por Nietzsche.

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Alteridade

 

A palavra alteridade, que possui o prefixo alter do latim possui o significado de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, com consideração, valorização, identificação e dialogar com o outro. A pratica alteridade se conecta aos relacionamentos tanto entre indivíduos como entre grupos culturais religiosos, científicos, étnicos, etc. Na relação alteritária, está sempre presente os fenômenos holísticos da complementaridade e da interdependência, no modo de pensar, de sentir e de agir, onde o nicho ecológico, as experiências particulares são preservadas e consideradas, sem que haja a preocupação com a sobreposição, assimilação ou destruição destas. “Ou aprendemos a viver como irmãos, ou vamos morrer juntos como idiotas"  (Martin Luther King).

A prática da alteridade conduz da diferença à soma nas relações interpessoais entre os seres humanos revestidos de cidadania. Pela relação alteritária é possível exercer a cidadania e estabelecer uma relação pacífica e construtiva com os diferentes, na medida em que se identifique, entenda e aprenda a aprender com o contrário.

Alteridade (ou outridade) é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos. Assim, como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, a existência do "eu-individual" só é permitida mediante um contato com o outro (que em uma visão expandida se torna o Outro - a própria sociedade diferente do indivíduo).

Dessa forma eu apenas existo a partir do outro, da visão do outro, o que me permite também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado, partindo tanto do diferente quanto de mim mesmo, sensibilizado que estou pela experiência do contato.
A “noção de outro ressalta que a diferença constitui a vida social, à medida que esta efetiva-se através das dinâmicas das relações sociais. Assim sendo, a diferença é, simultaneamente, a base da vida social e fonte permanente de tensão e conflito” (G. Velho, 1996:10)

“A experiência da alteridade (e a elaboração dessa experiência) leva-nos a ver aquilo que nem teríamos conseguido imaginar, dada a nossa dificuldade em fixar nossa atenção no que nos é habitual, familiar, cotidiano, e que consideramos ‘evidente’. Aos poucos, notamos que o menor dos nossos comportamentos (gestos, mímicas, posturas, reações afetivas) não tem realmente nada de ‘natural’. Começamos, então, a nos surpreender com aquilo que diz respeito a nós mesmos, a nos espiar. O conhecimento (antropológico) da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única.” (F. Laplantine, 2000:21)

Tal tema foi estudado ainda por Tzvetan Todorov em seu livro A conquista da América - a questão do outro, onde é estudado no contexto do descobrimento e a conquista da América no primeiro centenário após a primeira viagem de Colombo, basicamente no século XVI. Há ainda, contudo, menções a essas relações de alteridade em obras anteriores a Todorov, como por exemplo, em Michel de Montaigne, um dos autores dos textos a serem cruzados:

"Mas, para retornar a meu assunto, acho que não há nessa nação nada de bárbaro e de selvagem, pelo que me contaram, a não ser porque cada qual chama de barbárie aquilo que não é de costume; como verdadeiramente parece que não temos outro ponto de vista sobre a verdade e a razão a não ser o exemplo e o modelo das opiniões e os usos do país em que estamos".

Apontamentos podem ser feitos não só durante o processo de conquista e colonização da América, mas em toda a história do contato entre diferentes povos e culturas. Por exemplo, pode-se partir desde Cortés, que procurou conhecer o outro, buscando intérpretes e estabelecendo táticas de guerra. Surge aqui uma personagem curiosa: Malinche. Ela foi dada por Montezuma aos espanhóis e acaba sendo fundamental para o processo de conquista promovido por Cortés, pois sabia a língua dos maias e astecas e posteriormente também o espanhol. Para os indígenas é o símbolo da traição, para outros é o símbolo da mestiçagem, porque Malinche não é somente bilíngüe, mas também "bicultural", e adotou inclusive a ideologia do "outro". Deste modo, a humanidade do outro só foiT concebida quando integrada à cultura do "eu", ocorrendo uma assimilação, uma integração da cultura do "outro" à européia, no caso.

Avançando cronologicamente na História, é possível ainda encontrar relatos de relações de alteridade no texto "Descobrindo os brancos", de autoria de um índio ianomâmi chamado Davi Kopenawa Yanomaqui, já no século XX. Nele, as relações de alteridade mais uma vez são descritas, desta vez devido à invasão de suas terras, no estado brasileiro do Amazonas, por milhares de garimpeiros entre os anos de 1987 e 1990.

Assim, a análise crítica dessas obras pode levar à indagação de que, por vezes, os estudos históricos possam ser em parte o reflexo do modo de agir e pensar dos europeus na época da conquista, que tomaram a sua sociedade, os seus valores como o "correto" e o "modelo" a ser seguido pelos "outros".

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Neoplatonismo

 

O Neoplatonismo foi uma corrente de pensamento iniciada no século III que se baseava nos ensinamentos de Platão e dos platônicos, mas interpretando-os de formas bastante diversificadas. Apesar de muitos neoplatônicos não o admitirem, o neoplatonismo era muito diferente da doutrina platônica. O prefixo neo, inclusive, só foi adicionado pelos estudiosos modernos para distinguir entre os dois, mas na época eles se autodenominavam platônicos.

O neoplatonismo começou com o filósofo Plotino, apesar de ele afirmar que recebeu seus ensinamentos de Amônio Sacas, um estivador iletrado em Alexandria. Os escritos de Plotino foram reunidos pelo seu pupilo Porfírio nas Seis Enéadas.

Neoplatonismo é uma forma de monismo idealista. Plotino ensinou a existência de um Uno indescritível do qual emanou como uma sequência de seres menores. Os filósofos do neoplatonismo tardio, especialmente Jâmblico, adicionaram centenas de deuses e seres intermediários como emanações entre o Uno e a humanidade. Mas o sistema de Plotino era muito mais simples em comparação.

Os neoplatônicos não acreditavam no mal e negavam que este pudesse ter uma real existência no mundo. Isto era mais uma visão otimista do que dizer que tudo era, em última instância, bom. Era dizer apenas que algumas coisas eram menos perfeitas que outras. O que outros chamavam de mal, os neoplatônicos chamavam de imperfeição, de "ausência de bem". Neoplatônicos acreditavam que a perfeição humana e a felicidade poderiam ser obtidas neste mundo e que alguém não precisaria esperar uma pós-vida (como na doutrina cristã). Perfeição e felicidade (uma só e mesma coisa) poderiam ser adquiridas pela devoção à contemplação filosófica.

Entre os neoplatônicos posteriores estão incluídos Porfírio, Proclo, Jâmblico e Hipátia de Alexandria. Agostinho de Hipona foi neoplatônico antes de sua conversão ao catolicismo e algumas de suas obras mais otimistas foram escritas durante este período.

O neoplatonismo foi frequentemente usado como um fundamento filosófico do paganismo clássico, e como um meio de defender o paganismo do cristianismo. Mas muitos cristãos também foram influenciados pelo neoplatonismo. Em versões cristãs do neoplatonismo, o Uno é identificado como Deus. O mais importante destes foi Pseudo-Dionísio, o Areopagita, cuja obra foi muito influente na idade média. Agostinho de HiponHermenêutica é um ramo da filosofia que se debate com a compreensão humana e a interpretação de textos escritos. A palavra deriva do nome do deus grego Hermes, o mensageiro dos deuses, a quem os gregos atribuiam a origem da linguagem e da escrita e consideravam o patrono da comunicação e do entendimento humano. Hermes era mo responsável por transmitir mensagens ou indicar caminhos sob o comando de Zeus, seu pai, é considerado pelos gregos como o criador da linguagem. Ver TRINDADE, André. Os direitos fundamentais em uma perspectiva autopoiética. Porto Alegre: Livraria dos Advogados. 2007. p. 39a se converteu ao cristianismo por influência de Plotino, levando muitos estudiosos a rotular Agostinho como um franco neoplatonista. Contudo, eles notam que a subordinação da filosofia de Agostinho às escrituras leva-a a diferir da filosofia não-cristã. Alguns estudiosos mostraram que o neoplatonismo também foi influenciado pela teologia cristã, notavelmente pelos sistemas de crenças do gnosticismo.

Na idade média as idéias neoplatônicas influenciaram o pensamento dos judeus cabalistas, como Isaac, o Cego. No entanto, os cabalistas modificaram o neoplatonismo de acordo com suas próprias propensões monoteistas. Um famoso filósofo judeu neoplatônico do início da idade média foi Salomão Ibn Gabirol. As idéias neoplatônicas também foram levadas para os pensadores islâmicos e sufis durante esse período, como Alfarabi e, através deste, Avicena.

O neoplatonismo sobreviveu no oriente como uma tradição independente e foi reintroduzida no ocidente por Plethon e subsequentemente revivido na renascença italiana por figuras como Marsílio Ficino, os Medici e Sandro Botticelli.

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Individuação

 

O conceito de individuação foi criado pelo psicólogo Carl Gustav Jung e é um dos conceitos centrais da sua psicologia analítica.

A individuação, conforme descrita por Jung, é um processo através do qual o ser humano evolui de um estado infantil de identificação para um estado de maior diferenciação, o que implica uma ampliação da consciência. Através desse processo, o indivíduo identifica-se menos com as condutas e valores encorajados pelo meio no qual se encontra e mais com as orientações emanadas do Si-mesmo, a totalidade (entenda-se totalidade como o conjunto das instâncias psíquicas sugeridas por Carl Jung, tais como persona, sombra, self, etc.) de sua personalidade individual. Jung entende que o atingimento da consciência dessa totalidade é a meta de desenvolvimento da psique, e que eventuais resistências em permitir o desenrolar natural do processo de individuação é uma das causas do sofrimento e da doença psíquica, uma vez que o inconsciente tenta compensar a unilateralidade do indivíduo através do princípio da enantiodromia.

Jung ressaltou que o processo de individuação não entra em conflito com a norma coletiva do meio no qual o indivíduo se encontra, uma vez que esse processo, no seu entendimento, tem como condição para ocorrer que o ser humano tenha conseguido adaptar-se e inserir-se com sucesso dentro de seu ambiente, tornando-se um membro ativo de sua comunidade. O psicólogo suíço afirmou que poucos indivíduos alcançavam a meta da individuação de forma mais ampla.

Um dos passos necessários para a individuação seria a assimilação das quatro funções (sensação, pensamento, intuição e sentimento), conceitos definidos por Jung em sua teoria dos tipos psicológicos. Em seus estudos sobre a alquimia, Jung identificou a meta da individuação como sendo equivalente à "Opus", ou "Grande Obra" dos alquimistas.

INDIVIDUAÇÃO – UMA PROSPECÇÃO A NOVOS PARADIGMAS

Por Sérgio Pereira Alves
O processo de individuação, apesar de ser um conceito amplamente estudado, ainda se apresenta a nós como um caminho obscuro e carente de muita investigação. Sugeriram-me que seria conveniente, para melhor compreensão, que eu relacionasse, em ordem, as proposições formulas aqui, pois isto acaba sendo, em si, um exemplo do caráter prospectivo que virei a mencionar.
Primeiro, farei algumas considerações teóricas relativas à individuação, seu significado e sua relação como conceito central na teoria Junguiana. Depois, chamarei a atenção para o surgimento de novas perspectivas internas que representam uma realização das características pessoais, dentro de um posicionamento e uma ordenação no âmbito social e coletivo. E, por último, relacionarei este processo interno, o qual chamamos de individuação, com estas novas perspectivas; ressaltando uma forma de relação no sentido de um objetivo a se alcançar, o que nos dará uma compreensão do caráter prospectivo da individuação.
Individuação significa fazer-se indivíduo. Alcançar o máximo de sua individualidade, a qual podemos entender como a mais íntima e profunda expressão de nosso ser, com uma total compreensão, aceitação e permissão desta expressão. E ainda reconhecer a ação de um material inconsciente sobre o eu. Estas três atitudes citadas acima praticamente definem o termo de responsabilidade que deveríamos ter em relação ao nosso crescimento interno. Isto seria reconhecer-se tal como se é, por natureza, e não como se gostaria de ser.
Quando nos referimos a um processo de transformação interna, este se relaciona à consciência e ao agrupamento de determinadas características psíquicas que, quando acontecem baseados na experiência, e também quando se reconhece a responsabilidade decorrente desta consciência, "resultará daí uma complementação do indivíduo, que deste modo se aproximará da totalidade, mas não da perfeição, que constitui um ideal..." (Jung, Obras Completas)

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Solipsista

 

A postura solipsista é "a postura dos pensadores que duvidaram da existência de qualquer coisa e de qualquer outro ser humano que não fosse eles próprios"
 (Fernando Savater in Potenciar a razão).

...A razão – repito – não é simplesmente uma espécie de tendência automática. A razão está em boa medida baseada no confronto com os outros, quer dizer, raciocinar é uma tendência natural baseada, ou para nós fundada, no uso da palavra, no uso da linguagem; e o uso da linguagem é o que nos obriga a interiorizar o nosso papel social. A linguagem é sociedade interiorizada, e é curioso que alguns filósofos e outras pessoas ao longo dos séculos se tenham perguntado (por exemplo, o "penso, logo existo" de Descartes no famoso início do Discurso do Método, a que volta novamente nas suas Meditações): Estou aqui?, duvido de tudo, Estarei sozinho no mundo?, Existe este mundo?, É tudo uma ficção inventada por um deus maligno?.

De facto, a postura solipsista, quer dizer, a postura dos pensadores que duvidaram da existência de qualquer coisa e de qualquer outro ser humano que não fosse eles próprios, apesar de ser uma teoria de algum modo, digamos, bastante peregrina, foi muito avalizada e teve muitos seguidores. Bertrand Russell conta que um dia recebeu uma carta de um solipsista que dizia: "considero o solipsismo tão óbvio e tão provado racionalmente que estranho que não haja mais pessoas solipsistas". Na verdade o primeiro argumento que há contra esse solipsismo, ou contra formas menos toscas de nos considerarmos de alguma forma como que caídos de não se sabe onde, é precisamente o facto de que somos seres linguísticos. Somos seres linguísticos e manejamos uma linguagem que não inventámos, de que não somos donos, cujos registos não estão na nossa mão. O uso da nossa razão está condicionado precisamente por essa função da própria linguagem. 

Portanto, na educação, do que se pode tratar, do que se deve tratar, é de desenvolver o que é uma capacidade em princípio quase inevitável da vida em sociedade e da vida em comum; quer dizer, todos temos que raciocinar permanentemente para poder sobreviver. O elemento racional está em todos os nossos comportamentos, faz parte das nossas mais elementares funções mentais. Se alguém nos disser que ao meio-dia comeu uma feijoada e que a paella estava muito boa, imediatamente dizemos: "não pode ser; ou feijoada ou paella". O próprio acto de nos darmos conta de que há coisas incompatíveis, de que as coisas não podem ser e não ser ao mesmo tempo, ou que as coisas contraditórias não podem afirmar-se simultaneamente, ou que tudo deve ter alguma causa, supõe exercícios de racionalidade. Esse tipo de mecanismos elementares estão em todos nós e não poderíamos sobreviver sem eles. Há em todos os lados, em todas as culturas e em todos os tempos algumas disposições naturais para o desenvolvimento de modelos racionais. Gombricht, num dos seus livros, diz que há povos que não conhecem a perspectiva pictórica, como os egípcios, por exemplo. Efectivamente há povos que não conhecem a perspectiva, mas não há nenhum povo em que qualquer dos seus membros, quando quer fugir ou esconder-se do seu inimigo, se ponha à frente da árvore e não atrás.

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Fenomenologia

Um bom começo no estudo da Fenomenologia é a definição da palavra fenômeno. Do grego phainomenon particípio presente de phainesthai parecer. Fenomenologia é, de fato, uma investigação que busca a essência inerente da aparência. Vale ressaltar que o termo aparência assume duas concepções simetricamente opostas. 1o. Ato de ocultar a realidade. 2o. manifestação ou revelação da mesma realidade. Pelo 2o. significado, a aparência é o que manifesta ou revela a própria realidade, de modo que esta encontra na realidade a sua verdade, a sua revelação. Aparência é qualquer coisa de que se tem consciência. Qualquer coisa que apareça à consciência é uma área legítima da investigação filosófica.Além do mais, aparência é uma manifestação da essência daquilo de que é a aparência.
Das linhas da psicologia, a Fenomenologia Existencial é, provavelmente, a mais filosófica. Diferentemente da Psicanálise, que partiu de uma discussão médica e chegou ao conceito de inconsciente, ela nasceu do debate sobre a relação do homem com o mundo.

... A Fenomenologia nasceu, grosso modo, como um questionamento no modo científico de pensar: uma crítica à metafísica (postura epistemológica que fundamenta a técnica moderna de conhecimento)... Fonte: Emanuelle Coelho - manupsi@yahoo.com.br - FUMEC (www.artigos.com)

A Fenomenologia, nascida na segunda metade do século XIX, a partir das análises de Franz Brentano sobre a intencionalidade da consciência humana, trata de descrever, compreender e interpretar os fenômenos que se apresentam à percepção. Propõe a extinção da separação entre "sujeito" e "objeto", opondo-se ao pensamento positivista do século XIX.

O método fenomenológico se define como uma volta às coisas mesmas, isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece à consciência, que se dá como objeto intencional.
Seu objetivo é chegar à intuição das essências, isto é, ao conteúdo inteligível e ideal dos fenômenos, captado de forma imediata.
Toda consciência é consciência de alguma coisa. Assim sendo, a consciência não é uma substância, mas uma atividade constituída por atos (percepção, imaginação, especulação, volição, paixão, etc), com os quais visa algo.

As essências ou significações (noema) são objetos visados de certa maneira pelos atos intencionais da consciência (noesis). Afim de que a investigação se ocupe apenas das operações realizadas pela consciência, é necessário que se faça uma redução fenomenológica ou Epoché, isto é, coloque-se entre parênteses toda a existência efetiva do mundo exterior.

Na prática da fenomenologia efetua-se o processo de redução fenomenológica o qual permite atingir a essência do fenômeno.

As coisas, segundo Husserl, caracterizam-se pelo seu inacabamento, pela possibilidade de sempre serem visadas por noesis novas que as enriquecem e as modificam.

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Hermenêutica


Hermenêutica é um ramo da filosofia que se debate com a compreensão humana e a interpretação de textos escritos. A palavra deriva do nome do deus grego Hermes, o mensageiro dos deuses, a quem os gregos atribuiam a origem da linguagem e da escrita e consideravam o patrono da comunicação e do entendimento humano. Hermes era mo responsável por transmitir mensagens ou indicar caminhos sob o comando de Zeus, seu pai, é considerado pelos gregos como o criador da linguagem.

Origem do Termo:

O termo "hermenêutica" provém do verbo grego "hermēneuein" e significa "declarar", "anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir". Significa que alguma coisa é "tornada compreensível" ou "levada à compreensão".
Filosoficamente têm-se que o termo deriva do nome de Hermes, que na mitologia grega é um deus, o deus Hermes. O certo é que este termo originalmente exprimia a compreensão e a exposição de uma sentença "dos deuses", a qual precisa de uma interpretação para ser apreendida corretamente.
Encontra-se desde os séculos XVII e XVIII o uso do termo no sentido de uma interpretação correta e objetiva da Bíblia. Spinoza é um dos precursores da hermenêutica bíblica.
Outros dizem que o termo "hermenêutica" deriva do grego "ermēneutikē" que significa "ciência", "técnica" que tem por objeto a interpretação de textos religiosos ou filosóficos, especialmente das Sagradas Escrituras; "interpretação" do sentido das palavras dos textos; "teoria", ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico.

Conceito:

Para Schleiermacher a hermenêutica não visa o saber teórico, mas sim o uso prático, isto é, a praxis ou a técnica da boa interpretação de um texto falado ou escrito. Trata-se aí da "compreensão", que se tornou desde então o conceito básico e a finalidade fundamental de toda a questão hermenêutica. Schleiermacher define a hermenêutica como "reconstrução histórica e divinatória, objetiva e subjetiva, de um dado discurso".

Os eventos da natureza devem ser explicados, mas a história, os eventos históricos, os valores e a cultura devem ser compreendidos. (Wilhelm Dilthey é primeiro a formular a dualidade de "ciências da natureza e ciências do espírito", que se distinguem por meio de um método analítico esclarecedor e um procedimento de compreensão descritiva.) Compreensão é apreensão de um sentido, e sentido é o que se apresenta à compreensão como conteúdo. Só podemos determinar a compreensão pelo sentido e o sentido apenas pela compreensão.Scheleiermacher faz distinção entre compreensão divinatória e comparativa:

  • Compreensão comparativa: Se apóia em uma multiplicidade de conhecimentos objetivos, gramaticais e históricos, deduzindo o sentido a partir do enunciado.

  • Compreensão divinatória: Significa uma adivinhação imediata ou apreensão imediata do sentido.

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Gestalt

 

Gestalt é um termo intraduzível do alemão, utilizado para abarcar a teoria da percepção visual baseada na psicologia da forma.


Origem da psicologia da forma

Durante o século XIX e até o início do século XX, a Psicologia havia se consolidado como um ramo da Filosofia, e limitava-se a estudar tanto o comportamento como as emoções e a percepção. Nessa época, os estudos sobre a percepção humana da forma tinham em comum a análise atomista, ou seja, que procurava o conjunto a partir de seus elementos. Sob esse ponto de vista, o homem tenderia a somente perceber uma imagem através de suas partes componentes, compreendendo-as por associações de experiências passadas (associacionismo). Em oposição direta a isto, surgiu a Teoria da Gestalt (ou “configuração”) no início do século XX, com as idéias de psicólogos alemães e austríacos, como Max Wertheimer, Christian von Ehrenfels, Felix Krüger, Wolfgang Köhler e Kurt Koffka. Inicialmente voltada apenas para o estudo da psicologia e dos fenômenos psíquicos, a Gestalt acabou ampliando seu campo de aplicação e se tornou uma verdadeira corrente de pensamento filosófico.

A Teoria da Gestalt afirma que não se pode ter conhecimento do todo através das partes, e sim das partes através do todo; que os conjuntos possuem leis próprias e estas regem seus elementos (e não o contrário, como se pensava antes); e que só através da percepção da totalidade é que o cérebro pode de fato perceber, decodificar e assimilar uma imagem ou um conceito.

Mas sobre esse pensamento já se formulavam concepções distintas. A chamada “corrente dualista”, da escola de Graz, na Áustria, identificou dois processos distintos na percepção sensorial: um, a sensação, corresponde à pura percepção física dos elementos de uma configuração (o formato de uma imagem ou as notas de uma música), que é particular do objeto percebido; e o outro, a representação, que seria um processo “extra-sensorial” através do qual os elementos, agrupados, excitam a percepção e adquirem sentido (a forma visual ou a melodia da música), que já é particular do trabalho mental do homem. A outra concepção, divergente do “dualismo”, era a chamada “corrente monista” (de mono, único), defendida pelos alemães. Pelo ponto de vista monista, tanto sensação como representação se dariam simultaneamente, e não em separado. A forma, ou seja, a compreensão que os dualistas chamaram de “extra-sensorial”, não pode ser dissociada da sensação do objeto material. Por ocorrerem ao mesmo tempo, percepção sensorial e representativa vão se completando até finalizarem o processo de percepção visual. Só quando uma é concluída que a outra pode ser concluída também.

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Tânatos e eros


TÂNATOS

Na mitologia grega, Tânatos era a própria personificação da morte, enquanto Hades reinava sobre os mortos no submundo.

Tânatos era irmão gêmeo de Hipnos, o Sono e filho de Nix, a Noite e Érebo, as trevas.

Era representado como uma nuvem prateada ou um homem de olhos e cabelos prateados.

Tânatos tem um pequeno papel na mitologia, sendo eclipsado por Hades.

Tânatos também pode ser escrito como "Thanatos".

O deus da morte da mitologia grega nascido antes da criação da humanidade por Prometeu, que servia à Hades trazendo-lhe súditos, e em geral é mostrado como um espírito alado e é irmão gêmeo de Hipnos, o deus do sono. Como seus irmãos sofredores e libertários, era filho de Érebo e de Nyx, deusa da Noite, filha da união entre o Caos e a Escuridão. Era representado como um jovem alado portando uma tocha apagada. Embora bastante utilizado na arte e poesia, sua adoração era apenas significativa em Esparta, onde era alvo do culto popular. Foi descrito por Eurípides (484-406 a. C.) como uma figura sinistra coberta de negro, passeando entre os homens e com uma faca na mão. Porém outros autores gregos o descreveram com uma aparência menos hostil e com asas. Para os gregos era um deus, mas para os romanos era uma deusa e chamada de Mors. Existe uma lenda que narra como o jovem Sísifo, o rebelde, astucioso e esperto fundador e primeiro rei de Corinto, o derrotou e o aprisionou quando este veio buscá-lo, dando, portanto, imortalidade às pessoas. Por algum tempo os homens não morriam, até que Ares libertou a Morte. Sísifo foi condenado a descer aos infernos e teve sua punição final nos moldes da concepção grega do inferno como lugar onde se realizam trabalhos infrutíferos: castigado após a morte, por tentar dar poderes divinos aos humanos, à rolar uma pedra eternamente pela montanha acima, em uma tarefa eterna, pois uma vez colocada no alto, a pedra rolava novamente para o pé da montanha. Além da Morte, existiam a serviço do deus ínfero Hades, as serviçais Erínias, as Fúrias para os romanos, conhecidas como as deusas vingadoras que buscavam os criminosos, e as Keres, deusas da morte violenta para buscar os mortais comuns.

EROS

Eros (Cupido, no panteão romano) era o deus grego do amor.
Hesíodo, na sua Teogonia, considera-o filho de Caos, portanto um deus primordial. Além de o descrever como sendo muito belo e irresistível, levando a ignorar o bom senso, atribui-lhe também um papel unificador e coordenador dos elementos, contribuindo para a passagem do caos ao cosmos.

Eros casou-se com Psiquê, com a condição de que ela nunca pudesse ver o seu rosto, pois isso significaria perdê-lo. Mas Psiquê, induzida por suas invejosas irmãs, observa o rosto de Eros à noite sob a luz de uma vela. Encantada com tamanha beleza do deus, se distrai e deixa cair uma gota de cera sobre o peito de seu marido, que acorda. Irritado com a traição de Psiquê, Eros a abandona. Esta, ficando pertubada, passa a vagar pelo mundo até se entregar à morte. Eros, que também sofria pela separação, implora para que Zeus tenha compaixão deles. Zeus o atende e Eros resgata sua esposa e passam a viver no Olimpo.

Eros é o instinto da vida, é a manifestação da existência, a sensualidade, o instinto da atividade sexual. Tanatos, por sua vez, é o instinto da morte e da autodestruição, seu domínio é a morte, seu reino, o Reino dos Mortos. O médico austríaco e pai da Psicanálise, Sigmund Freud, através de investigações realizadas em meados do século passado, concluiu que os dois entes mitológicos citados acima têm raízes mais profundas na psique humana. Na verdade, convivem em eterno duelo nos recessos da atividade cerebral de homens e mulheres. E manifestam-se no mundo físico, através de comportamentos, gestos e atitudes - filtrados pelo ego, no supremo gesto de renúncia em nome do convívio em sociedade. Todavia, certas tendências e inclinações do espírito humano - do instinto sexual e do instinto de morte - não podem ser sublimados, simplesmente. Exteriorizam-se através de signos.

A morte e a destruição são pleitos da psique humana. A plena liberalização dos instintos sexuais, também. Mas como dar-lhes vazão, no ambiente repressivo que rege a organização social? Através dos signos que burlam o ego.

Lulu Santos - Éros e Tánatos

sou mais meu éros do que o seu tánatos
seu tánatos,seu tanatos.
sou mais meu éros do que o seu tánatos
e aposto tudo que vc quizer
vc não sabe quase nada da vida
não sabe a curva em que este trem apita
nem manja a hora em que o pinto sai do ôvo
nem o tamanho da encrenca que arrumou
vingança é um prato que se come frio
por isso mesmo vou deixar passar
só não me venha com essa cara de inocente
que aqui no prédio ninguem vai acreditar
põe u'a cara bôa e uma atitude legal
p'ra não ficar sem pessoal
p'ra não perder o carnaval
normal?

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Cartesianismo


Movimento filosófico cuja origem é o pensamento do francês René Descartes (1596-1650), considerado o fundador da filosofia moderna. Para Descartes, nem os sentidos, que podem enganar-nos, nem as idéias, que são confusas, podem nos dar certezas e, portanto, nos conduzir ao entendimento da realidade. Por isso, com a finalidade de estabelecer um método de pensamento que permita chegar à verdade, desenvolve um sistema de raciocínio que se baseia na dúvida metódica e não pressupõe certezas e verdades, como era tradição entre os pensadores que o antecederam. O método cartesiano põe em dúvida tanto o mundo das coisas sensíveis quanto o das inteligíveis, ou seja, o que pode ser apreendido por meio das sensações ou do conhecimento intelectual. 

CARTESIANISMO - René Descartes

René Descartes, também conhecido como Cartesius, foi um filósofo, um físico e matemático francês. Notabilizou-se sobretudo pelo seu trabalho revolucionário da Filosofia, tendo também sido famoso por ser o inventor do sistema de coordenadas cartesiano, que influenciou o desenvolvimento do Cálculo moderno.

Descartes, por vezes chamado o fundador da filosofia moderna e o pai da matemática moderna, é considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da história humana. Ele inspirou os seus contemporâneos e gerações de filósofos. Na opinião de alguns comentadores, ele iniciou a formação daquilo a que hoje se chama de Racionalismo continental (supostamente em oposição à escola que predominava nas ilhas britânicas, o Empirismo), posição filosófica dos séculos XVII e XVIII na Europa.

A Cultura é inimiga da Razão

O pensamento de Descartes é revolucionário para uma sociedade feudalista em que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era muito forte e quando ainda não existia uma tradição de "produção de conhecimento". Para a sociedade feudal, o conhecimento estava nas mãos da Igreja. Aristóteles tinha deixado um legado intelectual que o clero se encarregava de disseminar.

Descartes viveu numa época marcada pelas guerras religiosas entre Protestantes e Católicos na Europa. Ele viajou muito e viu que sociedades diferentes têm crenças diferentes, mesmo contraditórias. Aquilo que numa região é tido por verdadeiro, é achado como ridículo, disparatado, mentira, nos outros lugares.
Descartes viu que os "costumes", a história de um povo, sua tradição "cultural" influenciam a forma como as pessoas pensam, aquilo em que acreditam.

O primeiro pensador "moderno"
Descartes é considerado o primeiro filósofo "moderno". Sua contribuição à epistemologia é essencial, assim como às ciências naturais por ter estabelecido um método que ajudou o seu desenvolvimento. Descartes criou, em suas obras Discurso sobre o método e Meditações - ambas escritas no vernáculo, ao invés do latim tradicional dos trabalhos de filosofia - as bases da ciência contemporânea.

O método cartesiano consiste no Ceticismo Metodológico - duvida-se de cada idéia que pode ser duvidada. Ao contrário dos gregos antigos e dos escolásticos, que acreditavam que as coisas existem simplesmente porque precisam existir, ou porque assim deve ser, etc, Descartes institui a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que possa ser provado, sendo o ato de duvidar indubitável. Baseado nisso, Descartes busca provar a existência do próprio eu (que duvida, portanto, é sujeito de algo - cogito ergo sum, penso logo existo) e de deus.

Também consiste o método na realização de quatro tarefas básicas: verificar se existem evidências reais e indubitáveis acerca do fenômeno ou coisa estudada; analisar, ou seja, dividir ao máximo as coisas, em suas unidades de composição, fundamentais, e estudar essas coisas mais simples que aparecem; sintetizar, ou seja, agrupar novamente as unidades estudadas em um todo verdadeiro; e enumerar todas as conclusões e princípios utilizados, a fim de manter a ordem do pensamento.

Em relação a Ciência, Descartes desenvolveu uma filosofia que influenciou muitos, até ser passada pela metodologia de Newton. Ele mantinha, por exemplo, que o universo era pleno e não poderia haver vácuo. Descartes acreditava que a matéria não possuía qualidades inerentes, mas era simplesmente o material bruto que ocupava o espaço. Ele dividia a realidade em res cogitans (consciência, mente) e res extensa (matéria). Acreditava também que Deus criou o universo como um perfeito mecanismo de moção vertical e que funcionava deterministicamente sem intervenção desde então.

Matemáticos consideram Descartes muito importante por sua descoberta da geometria analítica. Até Descartes, a geometria e a álgebra apareciam como ramos completamente separados da Matemática. Descartes mostrou como traduzir problemas de geometria para a álgebra, abordando esses problemas através de um sistema de coordenadas.

A Teoria de Descartes providenciou a base para o Cálculo de Newton e Leibniz, e então, para muito da matemática moderna. Isso parece ainda mais incrível tendo em mente que esse trabalho foi intencionado apenas como um exemplo no seu Discurso Sobre o Método.

AS QUATRO CÉLEBRES REGRAS

1.ª) Só admitir como verdadeiro o que parece evidente, evitar a precipitação assim como        a   prevenção;

2.ª) Dividir o problema em tantas partes quantas as possíveis (é o que se chama regra de        análise);

3.ª) Recompor a totalidade subindo como que por degraus (regra da síntese);

4.ª) Rever o todo para se Ter a certeza de que não se esqueceu de nada e que, portanto,         não há erro.